segunda-feira, 27 de junho de 2011

Mc 1.16-20 - O chamado de Cristo

Introdução:Um dos conhecidos clássicos da literatura evangélica é Para todo sempre, de Catherine Marshal, esposa de Peter Marshal, capelão do Congresso Americano, que narra suas experiências de fé e alguns sermões que o mesmo escreveu. Peter tinha uma grande erudição e piedade, e um dos seus famosos sermões foi “cristãos de auditório”. Nele, o autor usa sua imaginação criativa para considerar como teria sido o chamado de Pedro e João, se os mesmos vivessem em Nova York e Jesus se encontrasse com eles nos seus comércios na 5ª Avenida.
O Chamado de Cristo é surpreendente nas Escrituras.
O que significa esse chamado? Para que Deus nos chamou?
Em 1 Ts 2.12, lemos que fomos chamados para o seu “reino e glória”. Assim, se você foi chamado para viver no reino de Deus, foi ele quem o capacitou; foi ele quem lhe colocou no caminho que ele mesmo estabeleceu.
Em Col 1.13, vemos a afirmação de que Deus nos transportou “do império das trevas para o reino do filho de seu amor”. Só podemos ir até Deus se ele nos chamar e conduzir conforme o seu meio que é o sangue do libertador, seu Filho unigênito, nosso Senhor Jesus Cristo. Somente a obra de Cristo é suficiente para nos justificar (Rm 8.30).
O chamado de Deus é também um chamado para a vida. Por isso, quando você ler o verbo “chamar” ou o substantivo “chamado” no Novo Testamento, lembre-se de que o termo aponta para o privilégio de sair de um estado de trevas e morte e vir para a luz. Mas o chamado de Deus também fala de um projeto no qual Deus deseja que vivamos. Um chamado para “ser alguém” (Identidade), mas também para “fazer algo” (missão). Neste caso, o chamado envolve uma comissão.
Em Mc vemos isto claramente:
Jesus “chamou os que ele mesmo quis” (Mc 3.13), e então, “designou doze para estarem com ele e para os enviar a pregar” (Mc 3.14).

Este texto nos fala de algumas características deste chamado:
1. O chamado é pessoal e único – Quantos pescadores existiam na Galileia? Jesus chamou apenas Simão e André.
O chamado não é genérico, mas especifico. Quem desperta e dá consciência a estes pescadores é o próprio Jesus.
Por acaso estes homens foram chamados porque eram pessoas excepcionais? Não! 1 Co 1.26-29 lemos: “Irmãos, pensem no que vocês eram quando foram chamados. Poucos eram sábios segundo os padrões humanos; poucos eram poderosos; poucos eram de nobre nascimento. Mas Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios, e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes. Ele escolheu as coisas insignificantes do mundo, as desprezadas e as que nada são, para reduzir a nada as que são, para que ninguém se vanglorie diante dele. É, porém, por iniciativa dele que vocês estão em Cristo Jesus, o qual se tornou sabedoria de Deus para nós, isto é, justiça, santidade e redenção, para que, como está escrito: "Quem se gloriar, glorie-se no Senhor".
O grande princípio do chamado de Deus é: “Deus não chama os qualificados, mas qualifica os chamados”.

2. O chamado desestabiliza – Simão e André encontram-se no seu trabalho, lançando as redes. Jesus os chama, e aquilo que fazia perdeu completamente o valor. Mais adiante, encontra-se com Tiago e João, que também perderam completamente a razão de continuarem consertando as redes. Mateus está na coletoria, era funcionário publico, e Jesus o chama e ele “levantou-se e o seguiu” (Mc 2.13-14).
Este Simão (Shimon), tem um nome que reflete sua personalidade, já que no hebraico este termo significa areia. Ele era frágil e inconstante, mas Jesus o chama para ser petros, que no grego significa pedra. Alicerce, fundamento, solidez.
É este Pedro que nega Jesus três vezes, mas que prega um poderoso sermão no dia do Pentecostes em que três mil pessoas se convertem e são batizadas (At 2).
O texto afirma como Jesus os chama:
“Caminhando junto do mar da Galileia viu André e Simão” (Mc 1.16)
“Mais adiante, viu Tiago e João” (Mc 1.19).
“Quando ia passando, viu a Levi, filho de Alfeu” (Mc 1.14)
É Deus quem nos vê e nos percebe no meio da multidão. Chamado é obra de Deus, privilégio.
É pessoal. Para você. Não para outro.
Deus não busca outro profeta quando Jonas se esquiva do chamado. Quem não quer ir de camelo, pelo deserto, em direção a Nínive, mas escolhe ir por outro caminho, acaba andando de submarino.
O chamado desestabiliza e inquieta. Deus chama pessoas trabalhando. Por que não chama os ociosos?

3. O chamado redireciona – Dá sentido mais profundo ao que fazemos. Dá um senso de missão e objetivo.
Eram pescadores – mas agora são pescadores de homens.
Jose Borges dos Santos Jr. – Todos temos uma vocação, embora tenhamos várias profissões. Nossa profissão se torna significativa quando a colocamos a serviço da obra de Deus.
Esta é a diferença entre o homem que quer viver para Deus e aquele que não reconhece Deus em sua vida. O homem de Deus vê um significado maior naquilo que faz. Não trabalha apenas para ganhar seu pão, mas trabalha para glorificar a Deus. Ele vê teleos em seu trabalho.
Paul Meyers foi um homem de negócios na área de seguros bem sucedido nos Estados Unidos. Ele dizia que Deus o havia capacidade a ganhar dinheiro, então resolveu colocar seus bens a serviço da obra de Deus. Então, passou a sustentar a obra do Instituto Haggai, e até sua morte, em 2010, foi o maior contribuinte individual para treinar líderes do 3º. Mundo para serem testemunhas de Jesus em seu país. Foram milhões de dólares neste projeto.
Dr. Gordon, medico a serviço do reino em Rio Verde- GO. Era um membro de sua igreja nos Estados Unidos, fiel nos seus compromissos, até que um dia ouviu falar que Deus poderia usar seus dons no campo missionário. Deixou sua cidade nos Estados Unidos e 60 anos atrás iniciou a construção do Hosp. Evangélico de Rio Verde, que abençoou milhares de pessoas naquela região ainda esquecida do Brasil de então.
O chamado redireciona.
Em Junho 2011, passei por um carro que tinha a seguinte placa: “Propriedade de Jesus!” e logo abaixo escrito: “Vende-se!”. Liguei de brincadeira para o proprietário brincando: “Como você pode querer vender aquilo que não é sua propriedade?”.
Deus nos aponta para uma vocação mais sublime.

4. O chamado implica em ruptura – “Então eles deixaram imediatamente as redes e o seguiram” (Mc 1.18). Em seguida o texto nos diz: “Deixando eles no barco a seu pai... seguiram a Jesus” (Mc 1.20). Ambos deixaram pessoas, posições e privilégios. Mateus fez o mesmo. Muitos projetos e planos são deixados quando um novo e maior chamado se interpõe.
Chamado desestabiliza e causa ruptura. Prioridades são redirecionadas.
Tiago e João tinham uma empresa de pesca, agora abandonam as redes.

5. O Grande chamado de Deus aponta para resgate de vidas – Deus nos chama para sermos “pescadores de homens”. Ministério tem a ver com a vida. Às vezes corremos o risco de achar que o ministério basta a si mesmo. Você ama o ministério ou as pessoas? Pergunte sempre: O Meu ministério tem impactado vidas?
Corremos o risco de termos um ministério burocrático e técnico, mas o chamado de Deus é para desembocar em vidas.
Quando resolvemos construir o predio de educacao religiosa de nossa igreja, com 3 mil m2 de área construida, o Conselho da igreja tomou algumas decisoes:
a. Nenhum projeto missionário será substituído ou deixado de lado para investir em tijolos. Se Deus quiser nos dar, ele nos dará com as sobras. Não vamos nos distrair.
b. Nosso prédio será usado para a obra de Deus. Investimento em gente, missões.
No primeiro andar, que será alugado, todo recursos será usado para plantação de novas igrejas. O Conselho entende que o sustento da igreja local é compromisso de seus membros. Todas igrejas que resolveram viver de rendas, tiveramo muitos problemas com o envolvimento financeiro de seus membros.
c. Filosofia: O melhor investimento da igreja não é em prédios, nem estruturas, mas em gente. O alvo da igreja são os seres humanos.
c. Como utilizar as salas de aula, durante a semana, para abencoar e atingir pessoas da nossa vizinhança e a cidade? Que ministério será adequado às estruturas que temos? Como abençoar famílias e a sociedade? Como trazer Jesus para a vida destas pessoas?
d. Alvo final: Investimento em gente. Pescadores de homens.

Conclusão:
O chamado de Cristo é um privilégio. É um chamado que muda radicalmente nossa ver de ver a vida, de considerar nossos projetos, de investir nossos recursos, talentos e tempo. Este projeto envolve toda nossa vida.
Como reagimos quando ele nos chama? Se estivéssemos hoje, lançando nossas redes ao mar, ou quem sabe, consertando as redes, ou, como funcionários públicos como reagiríamos ao seu chamado que diz: “Vem e segue-me”?

Mc 1.21-22-O Ministério de Jesus

Introdução:
Foi em Antioquia da Síria que os seguidores de Cristo foram designados cristãos pela primeira vez (At 11.26). Na verdade tratava-se de um apelido pejorativo, pois o significado desta palavra é “pequenos cristos”. Este codinome em forma de zombaria tornou-se, porém, a forma pela qual somos atualmente conhecidos e descreve a essência daquilo que cremos. Somos chamados a reproduzir Jesus em nosso estilo de ser e viver. O que cremos e fazemos é o que Cristo nos diz para crer e fazer. Somos chamados a sermos imitadores de Cristo, a reproduzirmos seu estilo de vida, diariamente, nos nossos relacionamentos e atitudes. Todo discípulo de Cristo deve aprender com Ele, como deve viver. Nosso chamado é para que, dia a dia, o imitemos no nosso estilo de vida. Paulo afirmava: “Sede meus imitadores como também sou de Cristo”, e afirma que fomos predestinados para sermos, “conformes à imagem de seu Filho” (Rm 8.29).
O ministério de Jesus possui algumas características, e como seus discípulos, o que ele dizia e fazia, a forma como enxergava a vida e realizava sua obra, é nossa inspiração para que o imitemos. Seu ministério possuía três linhas de ação: Ensino, Confrontação e cura.

1. Ministério caracterizado por impactar o coração do homem pela pregação – Mc 1.21-22

a. Pregação Fundamentada no Ensino – “Foi ele ensinar” Didaquê (Mc 1.21)
Exposição da Palavra – “Dihermeneuo” – Lc 24.27 Seu objetivo era explicar a Palavra, torná-la compreensível.
Jesus ensinava. Ele trazia o pensamento de Deus aos homens.
 Pregar é traduzir o pensamento divino. Um pregador não pode ser filósofo, nem livre pensador. Ele é cativo da Palavra.

b. Pregação Diferenciada pela unção – Mc 1.22
 Sua Palavra não era mera repetição de verdades, eram engravidadas ação do Espírito. “Minhas palavras são espírito e vida” (Jo 6.63)
 Sua Palavra “aquecia o coração” dos ouvintes – Lc 24.32
 Jesus não se atinha à letra da Lei, mas dava profundidade ao Espírito da Lei – “Eu, porém, vos digo!” (Mt 5.22,28, 34,39).
 Ruth Graham: Elias orou para Deus mandar fogo, antes de falar. Após a pregação, orou para Deus mandar chuva. Não é esta uma boa alegoria para a pregação ungida?

c. Pregação Aplicada aos ouvintes – Mc 4.33
 Ele conhecia o público e adequava sua mensagem ao público – (Mc 4.33).
 Comunicação não é apenas o que você diz, mas o que o outro entende.
o Cognitiva
o Intuitiva
o Relacional.
 Pregar é “construir pontes” (Stott)
Nosso chamado ministerial envolve a comunicação da palavra de Deus, para quebrar superstições, crenças erradas, sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Cristo (2 Co 10.4-5)

Questões para consideração: 1. Minha pregação realmente facilita a compreensão da mensagem do Evangelho?
2. A figura do fogo e da chuva tem acompanhado a minha pregação?
3.Tenho levado em conta a cultura e capacidade dos ouvintes, ao anunciar o Evangelho?
4. O que você entende por “pregação é construir pontes?”.

2. Ministério caracterizado por impactar o reino das Trevas – Mc 1.24
a. Sua presença desestabiliza a obra satânica. “Vieste para perder-nos?”
b. Sua presença Desmascara o inferno – Satanás é exposto.
 “Nós andamos nas brechas” (filme Advogado do diabo). A obra de Cristo mostra as estratégias e artifícios que satanás usa para se esconder. Aquele endemoninhado vivia na região e caminhava sem ser confrontado. Muitas vezes em formas de pensamentos suicidas, opressão emocional, angústias, medos e pensamentos que deprimem famílias até mesmo culturas inteiras.
 A presença de Cristo ilumina as trevas e confronta o mal.
c. Sua presença antecipa o julgamento de Satanás –
 O nascimento de Cristo demarcou o julgamento do diabo – 1 Jo 3.8 comparado com Ap 12.1-12
 A cruz expõe os principados e potestades à vergonha – Col 2.14-15
 Satanás sabe seu destino final (Ap 20), mas foi pego de surpresa na manifestação de Cristo na história (Mt 8.29).
A igreja é uma cunha no inferno.
A oração desafia as trevas e as confronta.

Questões para consideração: 1. Como a vivência de Cristo deve influenciar nossa abordagem pastoral?
2. Como o ministério impacta as trevas em nossos dias?
3. A Igreja tem sido eficiente na confrontação com os poderes das trevas? Como?

3. Traz Graça no meio da desgraça humana – Mc 1.32-34
a. Enfermidades e doenças são fatores limitadores da vida.
 Brennan Manning: (O anseio furioso de Deus). “nada é mais urgente no nosso ministério cristão que o ministério da cura”.
 A base de sua ação: compaixão (Mc 1.41). Deus visita a dor da humanidade.
 O desejo de Jesus: trazer normalidade à vida.

b. Deus visita a dor humana por meio de sua encarnação.
 O envolvimento de Cristo com o sofrimento humano – Mt 4.23,24
 Cura como significado de redenção (Mt 8.16-17)

c. A presença de Cristo traz consolo na nossa dor.
 Onde houver dor e desgraça, ali estará a presença do Cristo ressurreto (Zc 6.6)
 A cruz identifica o servo sofredor com todos os que sofrem (Hb 4.14-15).
Igreja como agência de cura- comunidade terapêutica.
Não vamos resolver o problema da dor humana, mas podemos atenuá-la com a presença santificadora, com o cuidado pelos pobres e pelos que sofrem.

Questões para consideração: 1. Como a compaixão e cuidado de Jesus tem afetado nosso chamado pastoral?
2. Para que realmente fomos chamados?
3. A misericórdia e a compaixão de Cristo tem sido a tônica da igreja em nossos dias?

terça-feira, 21 de junho de 2011

Lc 3.15-16 Ele vos batizará com o Espírito

Ele vos batizará com o Espírito
Lc 3.15-16

Introdução:
Oramos por muitas besteiras. Graças a Deus ele não leva a sério.
Agimos como crianças mimadas.

Mais sério ainda:
Oramos por coisas que Deus proíbe. Queremos a sua benção em coisas que ele desaprova e condena.
a. Exemplo 1: Um casal que vivia amaziado. A mulher abandonara o marido com três filhas pré adolescentes, e queria que eu desse a “benção” sobre eles. Em Malaquias, Deus afirma que amaldiçoaria a benção dos sacerdotes infiéis (Ml 2.1-2). Portanto, pastores não estão autorizados por Deus a abençoar aquilo que ele não abençoa.
b. Exemplo 2: Namoro misto: Querem a benção de Deus naquilo que Deus condena. Jovens ignoram a ordenança divina e conspiram contra ela. Deus não tem compromisso com a infidelidade. Andy Stanley: “Nunca viole os princípios de Deus se você deseja ganhar ou manter as bençãos de Deus”.
c. Exemplo 3: Negócios excusos: Em 2009, dois homens conversam com o rapaz que era encarregado de um sistema política de suborno em Brasilia, e após a conversa e o dinheiro ilegal, eles surpreendentemente se abraçam e começam a orar agradecendo a Deus por aquele dinheiro. Tudo isto estava sendo gravado pela Policia Federal. Eram membros de igreja e pastores se abraçando. Uma oração longa e piedosa. Mas a Palavra de Deus afirma que Deus não aceita culto levedado;
d. Exemplo 4: Moça falsifica passaporte e identidade para entrar nos Estados Unidos e depois dá um “testemunho” (ou seria, tristemunho), de como Deus a protegeu não permitindo que o guarda percebesse a falsificação. O que Deus tem a ver com isto?
e. Pr. Ouriel de Jesus, Assembléia de Deus de Sommerville, MA, que gastou todo um inverno pedindo a Deus que não mandasse neve na região de New England, quando é certo que Deus dispôs a natureza para que, naquele lugar, sempre caia neve. Ele orava contra a Palavra de Deus que diz: “Não se deixou ficar sem testemunho de si mesmo, fazendo o bem, dando-vos dos ceus chuvas e estacoes, enchendo o vosso coração de fartura e de alegria” (At 14.17). Um colega ao ouvir isto disse: “Com tanta coisa séria para orar, por que orar por coisas tolas como estas?”

Por outro lado, deixamos de orar baseados nas promessas da Palavra.

a. Promessas extensivas aos filhos – veja em Isaias quantas promessas de vida para nossa posteridade.Is 63.10. São promessas, e podemos orar fundamentados nelas.
b. Promessas relativas ao Evangelho – “Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo” (Lc 3.16). Não deveríamos deixar de pedir isto a Deus. A bíblia diz que Jesus nos batizaria com Espírito Santo. Deveríamos orar dizendo: “Senhor, que este batismo se cumpra em mim”.
A Palavra diz: “Se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai celestial dará coisas boas àqueles que lhe pedirem” (Mt 7.11). Já em Lc 11.13 ele afirma: “Dará o Espírito Santo àqueles que lho pediram”.
Quando nos convertemos e aceitamos o fato de que Cristo morreu em nosso lugar, e entregamos nossa vida a Ele, o Espírito Santo passa a morar em nosso coração. Mas a Bíblia afirma que, em relação ao Espírito, podemos:
Entristecê-lo – “Não entristeçais o Espírito Santo, no qual fostes selados para o dia da redenção” (Ef. 4.30).
Apagá-lo – “não apagueis o Espírito Santo” (Ef. 4.30).
Mas afirma também que devemos:
Encher do Espírito Santo – Ef. 5.18 Por isto este é, na língua original grega, um imperativo ativo: “Deixem-se encher!”

Quando o texto nos afirma que, se pedrimos o Espírito Santo ele nos dará, isto se aplica a duas situações:
1. Aquele que, estando distante, deseja que o Espírito faça parte de sua vida – trata-se da conversão. Gente desejosa da iluminação doa Espírito Santo, e por isto oram: “Pai, envia-me o teu Espírito”. Trata-se de gente que percebe a necessidade de ser iluminado por Deus para entender, aceitar e viver com base no Evangelho. Preciso de mudanças e não tem forças ou coragem para mudar. Por isto ora: “capacita-me!”
A. W. Tozer: “Não são meras palavras que alimentam a alma, mas o próprio Deus; e a menos que os ouvintes encontrem a Deus, através de uma experiência pessoal, não melhorarão em nada, por terem ouvido a Palavrsa” (A procura de Deus, pg 11).

2. Aqueles que, já tendo recebido a Jesus, precisam da continua operação do Espírito Santo.

O que faz o Espírito Santo em nós?
A. Ele ilumina o nosso coração– Jo 16.8-10. O Espírito Santo traz convencimento em três aspectos fundamentais.
 Do Pecado - Isto nos liberta do pressuposto equivocado de que não existem absolutos. Se existe pecado (um termo espiritual que aponta para o erro moral) é porque existe o certo. O Espírito denuncia nossa inadequação espiritual diante do Pai, nossa distancia do criador. Só quem reconhece seu pecado sente necessidade de um salvador e compreende o significado da morte de Cristo.
 Da Justiça- Se é necessário compreender o sentido do pecado, é necessário saber como a justiça de Deus é estabelecida. A Bíblia nos diz que Deus propôs, por meio do sangue de Jesus, que a justiça dele fosse imputada a nós. Uma vez que ninguém será justificado diante de Deus por obras humanas (Rm 3.20), A justiça de Deus nos é imputada pela obra perfeita de Cristo (Rm 3.21-28). Sua justiça, perfeição e beleza nos foi atribuída pelo seu sacrifício perfeito. Agora, somente o Espírito Santo pode aplicar isto aos nossos corações. Ele precisa nos convencer da obra de Cristo a nosso favor. O pregador pode anunciar esta verdade, mas so o Espírito Santo pode aplicar esta verdade.
 Do Juízo - Nos livra do pressuposto que não existe juízo moral. Que afirma que o universo é moralmente cego, que não existe um fator moral. A Justiça precisa se firmar diante da injustiça. Existe algo a ser avaliado do ponto de vista da ética. Nos livra ainda da idéia de que não existe uma mente moral por detrás da natureza, que afirma que não haverá juízo final, nem julgamento. Esta foi a insinuação da serpente do no Éden ao dizer: "É certo que não morrereis". Esta afirmação levou Eva a crer que podia pecar que não haveria juízo.

B. Ele nos ensina todas as coisas necessárias – Jo 14.26
O espírito esclarece, lança fora as dúvidas. Traz respostas às nossas inquietações e perguntas, não deixa o nosso coração em dúvida. Diante das tentações e provações, lançam sombras ao nosso entendimento. Precisamos da graça de Deus.

C. Ele gera desejos pelas coisas de Deus – O Homem natural, sem a graça do Espírito, procura as coisas naturais. A menos que nossa mente seja iluminada, não teremos disposições para as coisas espirituais. Ele é Santo na sua natureza. Isto nos fala do seu caráter. Quem tem o Espírito Santo, começa a desejar as coisas de Deus. Tropismo espiritual.
Por isto passa a ter tristeza pelo seu pecado. O homem natural não se preocupa com isto. Deseja santidade. Coisas estas que não desejamos a não ser que o Espírito aja em nossa vida.
O fruto do espírito é: fidelidade, mansidão, domínio próprio.
Quando a carnme está dominando as obras são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, ciúmes, iras, discórdias, dissensão, facções, invejas, bebedices e glutonarias.
Por isto a vitória sobre a carne é obra do Espírito Santo:
“Digo, porém: andai em Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne” (Gl 5.16).

Por que nosso testemunho é fraco, e nossa vida espiritual é raquítica?
Precisamos do poder do Espírito Santo, esta força que vem do Alto.
O poder não é institucional,
Não se trata de riqueza material
Nem força política.
O Papa Inocêncio IV com Thomas de Aquino: “Não podemos dizer, levanta-te, toma teu leito e anda!”
O que falta para um cristianismo vibrante? Repleto de entusiasmo e alegria? Fogo!
O que precisamos para uma vida santificada? Fogo!
Para uma vida espiritual profunda? Fogo!
A. W. Tozer: “O movimento evangélico armou u altar e imolou o Cordeiro do holocausto, mas agora parece satisfeito em enumerar as pedras e reagrupar os pedacoes, sem preocupar-se com a ausência de qualquer sinal de fogo sobre o alto do monte Carmelo”. (Á procura de Deus, pg, 9, venda Nova, Ed. Betânia).
O Espírito não é um acessório da vida cristã, mas sua essência.
Temos tentado levar nossa vida com a guarda de determinadas regras, leis, comportamentos, mas o que realmente precisamos é do Espírito Santo e do fogo!

Conclusão:
Ao orarmos, deveríamos dizer: “Pai. Existe uma promessa de vida abundante no teu Espírito Santo. Algo não falsificado, nem gerado por mãos humanas. Então, envia sobre nós o teu Espírito! Acende este fogo em mim!”
Existe um antigo hino que bem poderia caber em nossa liturgia individual desta semana:
“Vem Espírito Divino, Grande Ensinador,
Vem revela às nossas almas, Cristo Salvador!”

Mc 11.27-33 A Autoridade de Cristo

Introdução: Nosso moderno mundo sofre crise de autoridade. A autoridade precisa de uma força por detrás de si, para que possa exercer seu ofício. Respeitamos os policiais, porque suas fardas os identificam como tal. Sua autoridade imposta pelo governo exige nossa submissão; há um pressuposto por detrás da autoridade. O Estado, fonte de autoridade, nomeia pessoas para exercerem ofícios sobre os cidadãos pela autoridade que lhes foi outorgada.
Relendo o Evangelho de Marcos, fiquei deslumbrado com o número de vezes que este Evangelista tenta demonstrar a exousia (autoridade) de Cristo. Este tema de sua autoridade é muito comum nas cartas paulinas, mas assume uma nota marcante nos escritos de Marcos. Existe uma discussão muito clara em Marcos sobre a fonte da autoridade de Jesus, no cap. 11.27-33 Jesus não tenta responder a pergunta que os sacerdotes, escribas e anciãos lhe fizeram. Pelo contrário, força-os a refletir sobre a autoridade de João Batista, colocando-os numa situação de neutralidade condenatória. Jesus responde da mesma forma que eles, sem demonstrar interesse em discursar sobre a fonte de sua autoridade.
Estes homens eram todos sacerdotes, que criam o cargo que possuíam determinava a autoridade que tinham diante de Deus. Este texto vai nos falar sobre Jesus e sua fonte de autoridade.

De onde Jesus recebia sua Autoridade?Em Marcos vemos seis fontes:

1. Sua coerência de vida – Não há ruptura entre Palavra e Ação. Sua mensagem se autenticava na experiência. Quando João Batista se encontra em dúvida, envia mensageiros para perguntar a Jesus se ele era o Cristo ou deveriam esperar outro. Sua resposta foi: “Ide e anunciai a João o que vedes. Os cegos vêem, os paralíticos andam e aos pobres lhes é anunciado o Reino de Deus”. Jesus não argumenta, mas demonstra.
Sua autoridade evidencia sua coerência de vida, ao ensinar, não como os escribas. (Mc 1.22).

2. Sua intimidade com Deus – Outro fator que dá a Jesus esta intrigante autoridade, que leva os principais lideres a indagá-lo, era seu relacionamento com Deus. Seu caráter era forjado junto ao Pai Celestial. A Bíblia afirma que saia "alta madrugada" para orar (Mc 1.35), e sua intimidade com Deus se revelava na sua palavra que incomodava e consolava os ouvintes. Sua autoridade vinha de seus "retiros espirituais" (Mc 6.30). Jesus não sofria a tirania do urgente, antes reservava tempo para reflexão.
Perguntaram ao Rev. Antonio Elias, já falecido avivalista da Igreja Presbiteriana do Brasil, o que era unção, e ele respondeu com naturalidade: “Uns são, outros não são”. Assim era a autoridade de Cristo que brotava do relacionamento com Deus, assim como os lideres do Sinédrio teriam posteriormente a mesma reação com os discípulos, quando lhes ordenaram que se calassem, mas sabiam que “haviam estado com Cristo” ressurreto (At 4.13).
Pastores e líderes facilmente evocam sua autoridade a partir da delegação de concílios e pelos títulos recebidos. Em Mc 11.27-33, vemos esta mesma disposição nos principais sacerdotes. “Com que autoridade fazes estas coisas?”. Qual foi o órgão ou a convenção que te ordenou a fazer isto?

3. Sua consciência vocacional – Outro elemento que gera autoridade em Cristo para que exerça seu ministério de forma tão efetiva é a consciência do porquê estava naquele lugar, fazendo aquilo que fazia. Creio que muitos pastores encontram-se em cidades, ou nas obras missionárias, sem saber de fato que estão ali, sem terem uma clara consciência da vocação divina. Isto faz toda diferença na efetividade da obra.
Marcos procura revelar quão profundo era o sentimento de Jesus em relação ao seu ministério. Jesus não titubeia quando sua vocação está em evidência. "Para isto vim..." (Mc 1.38). Sua palavra evidencia sentido e propósito. Pastores e líderes barganham sua vocação quando não sabem qual é o seu chamado.

4. Sua identidade - relação com o Pai. Outra fonte de autoridade era a clara compreensão de sua identidade. No incidente que demonstra de forma mais veemente sua autoridade, expulsando cambistas e jogando as mesas dos mercadores no chão, bastava que quatro comerciantes daquele se reunissem, para dar-lhe uma surra e tirá-lo dali, mas ninguém tocou em Jesus, porque a forma como se portava evidenciava sua comunhão com o Pai. "A casa de meu Pai será chamada casa de oração..." (Mc 11.15-19). Noutro incidente, quando envia os discípulos para buscarem o jumentinho, ele apenas declara "O Senhor precisa dele". Jesus se percebe Senhor. Esta era a sua identidade (Mc 11.1-11).
Ao ser questionado sobre sua fonte de autoridade, não se preocupa em responder. A parábola dos lavradores maus de Mc 12, revela sua identidade e consciência que tinha de ser herdeiro e filho legítimo da vinha.
Jesus queria muito que seus discípulos firmassem também sua autoridade nesta relação de amor com o Pai. Quando os mesmos retornam da missão realizada de 2 em 2, de acordo com a narrativa de Lucas, voltam radiantes e dizendo: “Até os demônios se nos submetem em teu nome”, e Jesus afirma: “Alegrai-vos não porque os demônios se submetem, mas porque os vossos nomes estão escritos no livro da vida” (Lc 10.20). Jesus acentua não a vocação de poder e de guerreiros, mas de filhos amados do Pai, e isto tem a ver com identidade.

5. Sua absoluta liberdade em ser gente, ser humano, com aqueles que eram desumanizados – Por mais paradoxal que possa parecer, sua autoridade brotava do seu despojamento da natureza divina e por assumir sua humanidade. Aquilo que já foi dito sobre Jesus é verdade. Ele era “sobrenaturalmente humano”. Jesus estava livre para ser humano, e por isto não temia censuras e questionamentos. Seu compromisso era com Deus, não com leis e estruturas humanas. Quando você não teme o julgamento dos homens, encontra uma grande liberdade. Em Mc 2.15-17 ele se assenta-se com publicanos (traidores da nação), e gente de caráter reconhecidamente refutável. Em Mc 14.3-9, aceita estranha adoração de uma mulher cujos convidados murmuravam pelo simples fato de tê-la presente. Em Mc 14.17-21, convida para assentar à mesa o homem que haveria de traí-lo, mesmo sabendo de suas intenções malignas.

6. Sua vitória sobre a morte – Mas nada, absolutamente, demonstra mais sua autoridade que a vitória que obteve sobre a morte. Ali os discípulos, que antes já percebiam a autoridade de Deus sobre sua vida, se rendem e passam a chamá-lo de “Meu Senhor e Deus meu” (Jo 20.28). A expressão do anjo, no final do livro de Marcos, revela “Não vos atemorizeis; buscais a Jesus, o Nazareno que foi crucificado; ele ressuscitou, não está mais aqui; Vede o lugar onde o puseram”(Mc 16.6).
Apocalipse é um livro repleto de adoração ao Cordeiro que foi morto, mas vive, e está assentado ä direita do Pai, de onde há de vir para julgar vivos e mortos.
Sua autoridade, irrefutável e perene, pousa sobre seu poder de não ver corrupção em seu corpo, mas levantar-se de entre os mortos.

Cambridge, MA Quarta-feira, janeiro 07, 1998 - -4 graus celsius.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

AT 4.36-37 BARNABÉ: A SERVIÇO DO REINO

Introdução: Apesar de ser citado 6 vezes no livro de Atos e 2 vezes noutros livros,e todas as vezes que aparece, Barnabé seria um personagem esquecido das paginas da Bíblia. Não fosse a música de Guilherme Kerr que fala deste personagem, muitos cristãos brasileiros nunca saberiam qualquer coisa sobre sua vida. Barnabé, no entanto, nos revela traços de um cristianismo maduro e profundo, de um homem que discerne seu papel como cristão no reino de Deus. Por isto seu nome original, José, foi mudado pelos irmãos para “Barnabé”, que significa “filho da consolação. (At 4.36). Era levita, músico e diácono da igreja.
Precisamos fazer duas observações sobre esta música:
 Meus filhos, quando pequenos, cantavam esta música dizendo: “Natural de Chifre”, e então, tive que corrigi-los e dizer que era “Chipre”, uma ilha do Mediterrâneo.
 O autor da música que começa afirmando: “Não fica bem a gente passar bem e o outro carestia”. Surpreendeu seus filhos cantando um dia: “Ainda bem que a gente passa bem e o outro carestia”. Este equivoco teológico pode ser fatal...

Eis algumas marcas de sua vida:
1. Profunda sensibilidade para com as necessidades dos irmãos – At 4.36
o Situação atual do mundo: 800 milhões de famintos. Nunca tantos ganharam tão pouco e poucos ganharam tanto.
o O imperativo bíblico de Tg 2.15-16.
o A Estratégia necessária:
 Dar não apenas o que sobra, mas sacrificialmente – (2 Co 8.3)
 Desenvolver atitudes solidárias - 1 Jo 3.17; 1 Tm 6.17-18
 Começar pelos familiares - 1 Tm 5.8
 Priorizar a família da fé – Gl 6.10
 Atingir todas as pessoas, independente da fé que professam - Lc 10.3ss
Apesar da Bíblia não dar ênfase ao princípio de vender as propriedades, somente uma vez Jesus recomendou esta atitude ao jovem rico por causa do seu amor ao dinheiro, o princípio contido na atitude de Barnabé e profundamente bíblico e deveria ser observado por todos nós: Devemos aprender a colocar nossos bens a serviço do reino de Deus. Muitos cristãos se negam ainda a esta atitude. “Onde estiver teu tesouro, ali estará o teu coração”. Precisamos aprender a contribuir para a obra de Deus. Bispo Paulo Ayres afirma que “bolso é o último a se converter, e o primeiro a esfriar”.
2. Disposição em envolver pessoas marginalizadas ou esquecidas na comunidade - At 9.26-28
o A situação de Paulo – At 9.1-2 . Paulo era criminoso (At 22.4,19). Ele mesmo afirma isto.
o A experiência de conversão – At 9.1ss
o A dificuldade de ter acesso a Igreja - At 9.26; Rm 15.7
o A intervenção estratégica de Barnabé – At 9.27
o O problema básico da Igreja não é evangelização, mas assimilação. A Igreja tem muitas barreiras para integrar pessoas novas.
Devemos acolher as pessoas, abraçá-las, tocar os visitantes. Sair da condição de quem precisa de atenção para ser alguém que dá atenção.
Se você se sente frustrado nas igrejas por onde passou, sem ser percebido ou notado, saiba que a primeira pessoa a enfrentar este tipo de problemas na igreja foi o maior apóstolo da igreja de Cristo: Paulo!

3. Alegria pela conversão de pessoas: At 11.22-24
o A experiência de Antioquia - “Avivamento” At 11.21
o A alegria de Barnabé – At 11.23
o O envolvimento de Barnabé - At 11.33 “exortava”
 A Igreja não possui paixão por almas;
 A Igreja não possui entusiasmo pelo novo convertido;
 O novo convertido precisa de amizades e discipulado.
Pode parecer brincadeira, mas fui certa vez censurado numa igreja por um antigo membro, porque a igreja estava crescendo e “seu banco” estava sendo ocupado por outras pessoas.
4. Disposição em despertar novos talentos - “Em busca de Saulo” (At 11.25)
o Crise ministerial: O fracasso de Saulo – At 9.31 “E assim...” Para onde foi Saulo depois de seu fracasso ministerial? Gl 1.17-19 nos dá algumas direções. Ray Stedman afirma que foram cerca de 14 anos de desaparecimento e retiro. Paulo estava frustrado e sem perspectiva ministerial, e agora Barnabé sai à sua procura para reintegrá-lo. Se você se sente frustrado no ministério, saiba que o primeiro pastor a enfrentar sérios problemas na igreja foi o maior apóstolo da igreja de Cristo.
o Restauração do trabalho: “Em busca de Saulo” - At 11.25
o O impacto de Saulo na Igreja cristã.
o O desaparecimento oportuno de Barnabé – Na 2ª viagem missionária (At 15.36-41).
5. Perdão e nova chance aos fracassados -
o Crise ministerial: o recuo de João Marcos – At 13.13
o “Sem erros”: A atitude do irmão Paulo – At 15.36-38
o “assim não”: Desavença entre Barnabé e Paulo - At 15.38
o “assim sim”: “traze-me João Marcos” 2 Tm 4.11
A chance de restauração: ninguém é infalível. Segunda chance: Oportunidade de reparar a primeira.

Conclusão:
Um homem serviço do reino:
a. Dispõe seus recursos
b. Cuida das pessoas que se aproximam da sua comunidade. Mesmo aquelas que são mais estranhas.
c. Sente-se feliz pela conversão de pessoas
d. É disposto a reintegrar gente fracassada no ministério, como Paulo
e. Restaura gente que tem dificuldade de completar suas tarefas, como João Marcos.



Christ the King P. Church- Jan. 97
Igreja de Anapolis, Junho 2011

domingo, 12 de junho de 2011

1 Cr 12.32 O FATOR ISSACAR Você entende o seu tempo?

Introdução:
Meio século atrás, um grupo de pequenos empresários procurou a industria Suíça, naquela época a maior produtora de relógios do mundo, oferecendo a possibilidade de produzir relógios de quartzo. Os suíços alegaram que não estavam interessados, afinal, detinham o mercado de 98% dos relógios produzidos no mundo. Então, por que mudar?
Aqueles homens procuraram os japoneses. Hoje, 99% dos relógios produzidos no mundo são de quartzo. Os suíços não perceberam os novos tempos e possibilidades. Será que a igreja percebe?
Neste texto que lemos, Davi selecione os homens que fariam parte do seu staff no reinado. Dentre eles, selecionou 200 jovens da tribo de Issacar, uma tribo quase esquecida de Israel , porque eram “conhecedores de seu tempo e sabiam o que Israel deveria fazer”.
Este é um dos grandes desafios que temos a enfrentar. Encontrar homens identificados com seu tempo.
Nossa geração está plugada em genética, bio ética, software de última geração, empresas offshore, network, redes sociais, ecossistema. Será que a igreja conhece sua época para saber que estratégia usar para alcançar esta geração?
At 13.36 afirma que “tendo Davi, servido à sua própria geração, adormeceu”. Só podemos servir e tocar uma geração. Qual é a geração que estamos servindo?
Eis algumas características de nossa geração:
 Pluralismo – admite-se vários universos de “verdades”, opiniões divergentes sobre o mesmo assunto são possíveis. Cada um ser abriga uma “pluralidade” de conceitos sobre os mesmos assuntos. O pensamento não é mais homogêneo...
 Mobilização – somos uma geração em movimento. Ninguém é de algum lugar. As pessoas saem de suas cidades em busca de educação, melhores oportunidades de emprego e salários. Isto pode ser ruim, mas pode ser também uma chave na evangelização do tempo presente.
 Urbanização e migração. Temos que pensar a igreja com uma teologia urbana, e não apenas com a metodologia e sociologia urbana. O que há por detrás do silêncio urbano de nossa teologia?
 Pragmatismo – A pergunta se dirige para o universo da fé: “Isto funciona?”. Esta pergunta traz alternativas, mas também grandes riscos...
 Experiencialismo – se antes a idéia era: “Penso, logo existo”, hoje a questão está mais para: “Sinto, logo me autentico!”. As pessoas gostam de adrenalina e acham que a fé deve ser definida a partir de uma sensação.
 Misticismo – Denominações históricas estão falindo. Esta é uma geração esotérica, com seus desdobramentos mais macabros e perigosos. Geração sensorial. Devemos perguntar que estilo de mensagem vamos usar para alcançar estas pessoas que possuem perguntas tão distintas. “Jesus pregava, segundo a capacidade de seus ouvintes” (Mc 4.33). temos conseguido fazer esta transição para comunicar o evangelho de forma criativa e relevante, sem prejudicar seu conteúdo?
 Desconstrucionismo – “Eu prefiro ser, esta metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”. É uma geração que questiona todos paradigmas e padrões. Quantos modelos familiares existem em sua igreja? Um pastor identificou mais de 60 modelos em sua comunidade. Homens e mulher estão confusos quanto aos seus papéis. Será que ainda podemos falar de papéis e funções?
 Relativismo – Esta geração não pensa mais com categorias de absolutos. Para este tempo, tudo é relativo, até mesmo esta afirmação que diz que “tudo é relativo!”, isto é, a relatividade do relativismo. Hegel conseguiu questionar todas as coisas filosoficamente, e é isto que nossos filhos aprendem nas universidades. Não existe posição e oposição, nem tese x antítese. Tudo pode ser encontrado na síntese, que integra os opostos e faz a mentira verdade e a verdade, mentira. Dependendo naturalmente de sua percepção e ponto de vista.
 Subjetivismo – A verdade não é algo que deve ser encontrado. A verdade não está “lá!”, mas se encontra dentro de cada um. Com a influência das religiões orientais, até Deus é o seu próprio EU. Por isto, apenas precisamos estar coerente com as próprias convicções interiores... A verdade é a verdade de cada um, e não como definia Sócrates ao afirmar que “A Verdade é o que é”.
 Envelhecimento da população – Nossa geração é mais madura. Temos pessoas idosas lúcidas, com saúde, inteligentes e com dinheiro, tempo e talento. Como aplicar isto para o reino de Deus em nossos dias.
 Consumismo – Uma geração que gosta de coisas caras, e que tende a gastar mais do que ganha. Nossos filhos são burgueses...
 Tribos urbanas – Segmentos dos mais diversos brotam dentro e fora da igreja: Temos a tribo dos “emos”, “góticos”, “radicais”, etc.
De repente, aquilo que vivemos nos dias da mocidade não serve mais. Temos um processo de aceleração da história.
Dois eventos históricos se tornaram verdadeiros marcos:
1989 – Queda do Muro de Berlim – De repente descobrimos que o mundo não é mais dirigido por ideologias. Acabou a guerra fria de comunismo e capitalismo. “O Mundo é plano” (George Friedman).
2001 – 11 Setembro. Não há mais lugar seguro. Apesar de todos avanços, a busca por uma ideologia e religião se torna o cerne do significado. As pessoas vão continuar morrendo e matando por sua fé.

Qual é o perfil de sua igreja neste universo plural? Três grupos distintos. Três filmes distintos trabalham esta questão:
 Parque Jurássico – A Igreja se aferra às suas tradições. Confunde essência com acidente, temporal com eterno e histórico com revelado.
 Beleza americana – A Igreja está confusa. Não sabe o que pensar, nem o que é valor. Resultado: não são os filhos que estão perdidos, mas sim os pais. Não somos mais hippies, mas yuppies.
 Os Jetsons – geração tecnológica. Comunicação visual (imagens). Mulheres definem os valores e o mercado criando um novo perfil sexual. Homens em crise na sua masculinidade. Todos querem ser modernos, mas existe uma enorme complexidade na visão. O moderno não deixa de ser desafiador.
Como ser igreja neste contexto?
1. Uma igreja santa, acolhedora, mas sem preconceito – Não precisamos abrir mão de valores. Igrejas com doutrinas claras estão crescendo. Mas tem que ser uma igreja que acolhe. Empatia com pecadores (prostitutas, publicanos). Crente não fuma, não bebe, não dança, não joga. Será que não poderíamos ser vistos de uma forma diferente: “Aquela é uma igreja que ama?”. Não estou advogando licenciosidade, nem permissividade. Mas afeto. As pessoas estão coisificadas, estranguladas, excluídas. Precisamos de criar uma estrutura de acolhimento. Valorize relacionamentos, envolva-se. Vamos ver novas tribos chegando às nossas comunidades. Gente tatuada se aproximando de Jesus. Como vamos recebê-las?

2. Espiritualidade contagiante – Num contexto místico como o nosso, precisamos nos abrir para experiências genuinamente bíblica, sem ter que achar que são coisa de “pentecostais”. Precisamos reaprender a “orar por enfermos”. (Tony Campollo) “Orar publicamente” (Oração de graça e benção). Sermos “Acendedor de almas” (Nouwen).

3. Envolvimento com pobres e marginalizados – Aprender a ser generoso como igreja. Generosidade não tem a ver com dinheiro, mas com a visão do eterno. “Precisamos ter obras sociais para dar testemunho de nossa fé”. Aprenda a visitar pessoas no meio de suas dores, a consolar os que choram.

4. Culto Celebrativo - Faça do culto dominical um evento de alegria, sem perder a referência – 80% das pessoas de sua comunidade se encontram apenas no domingo a noite. Tem que ser um culto alegre. Participe-se, envolva-se. Prepare uma equipe de pessoas alegres para receber bem o povo. Modernize-se! Sua atitude de tristeza pode afastar pessoas.

5. Culto com excelência - Prepare o seu culto. Ninguém suporta amadorismo, sermões mal preparados, cultos feios. Culto é cartão de visita. Seja contemporâneo, mude sua metodologia, fuja do saudosismo.

6. Creia no poder de Deus: Creia, busque, ensine o seu povo a crer e a experimentar. Olhe o que Deus pode fazer, não apenas o que você vê! Se for o caso, faça vigílias de oração... Nosso trabalho é espiritual. Temos orado de forma consistente? Nossa igreja realmente crê no poder de Deus.

7. Ame sua cidade e o lugar onde você está – Você só floresce onde você ama. (Bob Linthicum: Você não pode realizar um bom ministério se você não ama a sua cidade).

8. Fale bem de sua igreja – Igrejas com facilidade ficam com moral baixa e perdem a auto estima. Fale bem de sua igreja... faça propaganda de seus trabalhos. Envolva seus amigos nesta gloriosa tafera.

Mc 1.14 Os quatro pilares da mensagem de Jesus

Introdução: Jesus tinha muito claro em sua mente sua missão. Ainda no templo, aos 12 anos de idade afirmou: “porventura não sabíeis que deveria estar cuidando das coisas de meu Pai?”. Seu foco era claro, a cruz era seu destino, que foi revelado várias vezes aos discípulos. Não tinha crise de identidade (quem ele era), e missão (o que deveria fazer): “Para isto vim”.
O texto de Mc 1.14-15 nos revela os quatro pontos cardeais da mensagem de Jesus, afirmada por Ele mesmo:
1. O tempo está cumprido – Mc 1.15
a. A vinda do Messias desencadeia um novo movimento na história- Gl 4.4
b. A Vinda do messias é uma confrontação às trevas – 1 Jo 3.8; Mc 1.24
c. As profecias se cumprem em Cristo – “Hoje se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir” (Lc 4.21).
d. A expectativa messiânica se cumpre – “Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo, porque os meus olhos já viram a tua salvação” (Lc 1.29).
2. O Reino de Deus está próximo – Mc 1.15
a. Jesus não fala de um reino futuro, escatológico, mas de algo que se realiza no tempo. Sua presença traz o reino. O reino de Deus se manifesta na presença de Deus entre seu povo.
b. Seu reino confronta o inferno – “Se, porém, expulso demônios pelo Espírito de Deus, certamente é chegado o reino de Deus sobre vós”(Mt 12.28).
c. A oração de Jesus – “Venha o teu reino”. Os reinos e impérios são confusos, opressivos. Queremos o domínio de Deus sobre nossas vidas e na história.
3. Arrependei-vos – Mc 1.15
a. Arrependimento implica em mudança de coração – Algo interno, não é representação. É tristeza pelo pecado. Não é estratégia para fugir da pena, mas desejo de santidade, de se aproximar de deus.
b. Arrependimento implica em renúncia – Digo não aos desejos da minha carne, e aos apelos do diabo. Abro mão de pensamentos, idéias e desejos egoístas e narcisistas, porque desejo a Deus.
c. Arrependimento implica em mudança de comportamento – É meia volta. Mudança de direção. “Deixe o perverso o seu mau caminho, o iníquo seus pensamentos, e volte para o Senhor, que é rico em perdoar”(Is 55).
4. Crede no Evangelho – Mc 1.15
a. O que não é crer?
i. Fé não é mero assentimento intelectual – concordar com a existência de um Deus – “Até o diabo crê e treme”.
ii. Fé não é temporal – porque a situação está difícil...
b. O que é crer?
i. Não confiar nas minhas possibilidades, nem na minha justiça, para minha salvação. Desisto de mim mesmo e passo a confiar na obra de Cristo.
ii. Colocar inteira confiança na obra de Cristo a meu favor.
iii. “Eu me glorio na cruz” – Em quem tenho depositado minha confiança?
iv. Jesus não veio pregar um evangelho, ele é o Evangelho.
v. Todas as religiões põem a ênfase no que o homem pode fazer. O Evangelho nos convida a confiar apenas em Cristo, nunca em nossa competência ou esforço espiritual.
vi. “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós, para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Co 5.21)
vii. “Não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso salvador, a fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna” (Tt 3.5-7).
viii. Você crê no evangelho, ou crê na sua justiça própria?
Estes são os quatro pilares da mensagem de Jesus:
1. O tempo está cumprido – Em Jesus, o kairos de Deus, se cumpre.
2. O Reino de Deus está próximo – Sua vinda aproxima a realidade de Deus na realidade histórica. Durante seu ministério afirmou: “O reino de Deus está entre vós”.
3. Arrependei-vos – Sua mensagem nos convida a mudança, a abandonar os pecados, a fugirmos do mal e viver dentro da ética do Reino de Deus.
4. Crede no Evangelho – Nos convida a desistir de nós mesmos, a não colocarmos a esperança de nossa salvação na nossa frágil justiça pessoal, mas a confiar plenamente na obra que ele realizou a nosso favor. A nos impressionarmos não com o que fazemos, mas como o que ele fez por nós, cumprindo toda lei, levando sobre si toda nossa culpa e pecado.
Você crê no evangelho, ou crê na sua justiça própria?

AT 4.36-37 -BARNABÉ: A SERVIÇO DO REINO

Introdução: Barnabé é citado 6 vezes no livro de Atos e 2 vezes noutros livros,e todas as vezes que aparece, revela traços de um cristianismo maduro e profundo, de um homem que discerne seu papel como cristão no reino de Deus. Por isto seu nome original, José, foi mudado pelos irmãos para “Barnabé”, que significa “filho da consolação. (At 4.36).
Eis algumas marcas de sua vida:
1. Profunda sensibilidade para com as necessidades dos irmãos – At 4.36
o Situação atual do mundo: 800 milhões de famintos. Nunca tantos ganharam tão pouco e poucos ganharam tanto.
o O imperativo bíblico de Tg 2.15-16.
o A Estratégia necessária:
 Dar não apenas o que sobra, mas sacrificialmente – (2 Co 8.3)
 Desenvolver atitudes solidárias - 1 Jo 3.17; 1 Tm 6.17-18
 Começar pelos familiares - 1 Tm 5.8
 Priorizar a família da fé – Gl 6.10
 Atingir todas as pessoas, independente da fé que professam - Lc 10.3ss
2. Disposição em envolver pessoas marginalizadas ou esquecidas na comunidade - At 9.26-28
o A situação de Paulo – At 9.1-2
o A experiência de conversão – At 9.1ss
o A dificuldade de ter acesso a Igreja - At 9.26; Rm 15.7
o A intervenção estratégica de Barnabé – At 9.27
o O problema básico da Igreja não é evangelização, mas assimilação. A Igreja tem muitas barreiras para integrar pessoas novas.
3. Alegria pela conversão de pessoas: At 11.22-24
o A experiência de Antioquia - “Avivamento” At 11.21
o A alegria de Barnabé – At 11.23
o O envolvimento de Barnabé - At 11.33 “exortava”
 A Igreja não possui paixão por almas;
 A Igreja não possui entusiasmo pelo novo convertido;
 O novo convertido precisa de amizades e discipulado.
4. Disposição em despertar novos talentos - “Em busca de Saulo” (At 11.25)
o Crise ministerial: O fracasso de Saulo – At 9.31 “E assim...”
o Restauração do trabalho: “Em busca de Saulo” - At 11.25
o O impacto de Saulo na Igreja cristã.
o O desaparecimento oportuno de Barnabé – Na 2ª viagem missionária (At 15.36-41).
5. Perdão e nova chance aos fracassados -
o Crise ministerial: o recuo de João Marcos – At 9.13
o “Sem erros”: A atitude do irmão Paulo – At 15.36-38
o “assim não”: Desavença entre Barnabé e Paulo - At 15.38
o “assim sim”: “traze-me João Marcos” 2 Tm 4.11
A chance de restauração: ninguém é infalível. Segunda chance: Oportunidade de reparar a primeira.


Christ the King P. Church- Jan. 97
Igreja de Anapolis, Junho 2011